Assistência pré-natal
A cobertura da assistência pré-natal, o número de consultas durante a gravidez e a assistência ao parto hospitalar relativos às crianças menores de 5 anos melhoraram consideravelmente no Estado de Pernambuco, entre 1997 e 2006, sobretudo na zona rural. A assistência pré-natal foi adotada por 96% das mães que viviam nas áreas urbanas da RMR e do Interior, com mais de três quartos das consultas iniciadas no 1o trimestre do período gestacional (79% e 78%, respectivamente). No meio rural, o percentual das que fizeram consultas no pré-natal em 2006 foi de 95% contra 64% em 1997, com 72% iniciando os exames nos primeiros três meses da gestação, o que representa um incremento de 48% nessa importante estratégia de assistência ao binômio mãe/filho.
Apesar do aumento da freqüência e do número de consultas de pré-natal (69% dos casos com seis ou mais consultas), a orientação sobre o aleitamento materno manteve-se nos mesmos níveis anteriores (cerca de 85%), revelando as oportunidades perdidas neste aspecto, em função da cobertura praticamente universal da assistência durante a gravidez
Assistência ao parto
O parto hospitalar praticamente generalizou-se no Estado de Pernambuco, ocorrendo em 97% dos casos relativos às crianças menores de 5 anos estudadas. Em relação ao tipo de parto destas crianças, 66% foram normais, enquanto as intervenções cesarianas alcançaram 32%, com maiores percentuais no interior urbano (37%) e Região Metropolitana do Recife (35%). O médico foi o profissional mais freqüentemente responsável pela assistência ao parto (66%) seguido da parteira (17%) e do enfermeiro (13%). Ressalta-se uma elevação no percentual dos partos cesáreos na zona rural, praticamente duplicando de 12% para 23%, quando comparado ao ano de 1977.
Peso ao nascer
O baixo peso ao nascer (menor que 2500g) atingiu 8,8% das crianças menores de cinco anos para todo o Estado, tendo o setor urbano do Interior apresentado o maior percentual (9,8%). O peso insuficiente (2500g a 3000g) teve uma prevalência de 17% no setor rural e de 20% no urbano, com a RMR registrando o mais elevado índice (22%).
Aleitamento materno
Considerando as crianças menores de cinco anos, 23% ainda mamavam no momento da pesquisa, sendo este percentual de 76% entre os menores de seis meses. A prevalência de aleitamento materno exclusivo entre os menores de seis meses foi de 41,4%, sendo quase o dobro da encontrada em 1997 (23,9%) e ligeiramente superior a da PNDS-2006 para o Brasil (39,8%).
Apenas 5% das crianças nunca mamaram, contrastando com os resultados de 1997 quando esta ocorrência foi de 10%, o que representa um incremento significativo no aleitamento materno.
Entre as causas alegadas para o desmame, 35% referiram a produção insuficiente de leite, com predominância para a zona rural (45%) e menor freqüência para a RMR (25%). A rejeição ao peito por parte dos lactentes foi a segunda justificativa para o desmame, seguindo-se a opção materna de interromper o aleitamento (28% e 14%, respectivamente).
Diarréias
A ocorrência de diarréias nas crianças menores de cinco anos nas últimas 24 horas anteriores à entrevista foi de 3% para todo o Estado, com um máximo de 5% para a zona rural e um mínimo de 1% na RMR. Em relação às últimas duas semanas, a freqüência referida do problema foi de 17% para o total da amostra, com os valores extremos de prevalência de 20% nas crianças do meio rural e interior urbano e de 10% na RMR. Nos casos de diarréias, mais de 70% das mães ou responsáveis pelas crianças realizaram algum tipo de tratamento, sendo os mais comuns a administração de soro caseiro (37%), soro de farmácia (27%), medicamentos específicos (27%), além da administração de sucos e chás.
Infecção respiratória aguda
Nos sete dias anteriores à entrevista, 52% das crianças apresentaram queixas de tosse, com maior incidência nas zonas urbanas. A combinação tosse + nariz entupido foi a manifestação clínica mais referida pelas mães (66%) seguindo-se as queixas de tosse + febre (39%). Os sintomas e sinais respiratórios resultaram no encaminhamento de 39% destas crianças para consultas.
Anemia
O quadro epidemiológico deste agravo melhorou substancialmente quando comparado às informações da pesquisa de 1997, quando atingia 47% das crianças menores de cinco anos. Neste estudo, a prevalência na mesma faixa etária foi de 33% em todo o Estado, o que representa uma redução de 30%.
Considerando as áreas geográficas, o maior impacto foi observado na zona rural, com queda de 56% em 1997 para 37% em 2006. Em geral, os níveis de hemoglobina em crianças apresentam uma distribuição geográfica bem homogênea, com valores médios em torno de 11,4 g/dL para os diferentes espaços geográficos
No que diz respeito à idade, as maiores prevalências de anemia foram encontradas na faixa etária de 6 a 23 meses de idade (47%) e as menores nas crianças de 24 a 59 meses de idade (20%), com percentuais próximos nas três áreas estudadas.
Estado nutricional
O estado nutricional das crianças menores de cinco anos melhorou substancialmente em relação à última pesquisa estadual (1997), desde que a desnutrição cumulativa, expressa pelo retardo estatural, baixou de 16% para 8% em todo o Estado, com redução equivalente de aproximadamente 50% para as três áreas geográficas. Essa redução foi semelhante à encontrada para o Brasil (50%) e inferior a observada para a Região Nordeste (67%) na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS-2006).
Do ponto de vista epidemiológico, na Região Metropolitana do Recife, pelos três indicadores antropométricos utilizados, peso/idade (3%) altura/idade (5%) e peso/altura (2%), o problema da desnutrição infantil encontra-se, praticamente, no limiar de controle (2,3%).
Em escala populacional, a ocorrência de déficit na relação peso/altura e no Índice de Massa Corporal/idade (IMC) entre 1% e 3%, respectivamente, é compatível com os valores esperados para uma população normal, tendo como referência os padrões antropométricos internacionais.
Ao mesmo tempo em que a prevalência da desnutrição pela relação peso/altura e pelo IMC/idade se situa próximo do padrão de normalidade, a ocorrência de excesso de peso apresenta-se comparativamente três a quatro vezes mais elevada nos três espaços geográficos estudados (entre 8% e 10%), evidenciando que o processo de transição epidemiológica vem atingindo, inclusive, a população de crianças. Esses resultados são semelhantes aos encontrados para o Brasil e Região Nordeste na PNDS-2006.
Comparando o estado nutricional de lactentes (menores de 24 meses) e de pré-escolares (24-59 meses), observa-se que as prevalências de déficit e de excesso foram similares para os quatro indicadores utilizados.